O fotógrafo de natureza Alessandro Abdala observou um
tatu-canastra no Parque Nacional da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas
Gerais, no fim de março. Há quase 40 anos o profissional - que nasceu, vive e
trabalha na região - buscava o encontro com o mamífero vivo, que é raramente
avistado apesar do seu tamanho.
Difícil de ser encontrado
O tatu-canastra tem hábitos noturnos e vive a maior parte do
tempo dentro dos engenhosos e imensos túneis que cava. Além disso, é um ser
solitário, diferente de outras espécies que precisam de um grupo. Por isso,
apesar do seu tamanho, é difícil ser avistado.
Em êxtase, acabara de conhecer uma lenda, e era mesmo tudo
que diziam, um ser extraordinário... eterno, sobrenatural, verdadeiramente um
gigante. - Alessandro
Abdala, nas redes sociais
O tatu-canastra é a maior de todas as espécies de tatu,
podendo chegar a 1,5m de comprimento e peso de 60 kg. A espécie é
característica do Cerrado, porém, tem incidências em outros biomas do Brasil e
América Latina, mas em quantidades menores.
Foi como um transe, subitamente estávamos fora do carro.
Respiração ofegante, pernas tremendo, coração acelerado, as mãos mal conseguiam
achar os controles da câmera... E nem era para tanto: dócil, sereno, majestoso,
o Canastra pouco se deu pela nossa presença, desfilou lenta e calmamente frente
às nossas lentes até mergulhar nevoeiro adentro e desaparecer no mar de
capinzal que nos rodeava.
Em relato nas redes sociais, Abdala afirmou que estava no
local na companhia dos fotógrafos Luiz Alberto dos Santos e Afonso Carlos dos
Santos.
Engenheiro de ecossistemas
A proteção dos tatus-canastra ajuda a sustentar outras
espécies nas regiões do Cerrado e da Amazônia. O animal é conhecido por cavar
tocas de cinco metros de profundidade, que fornecem abrigo contra predadores e
o calor extremo da região para mais de vinte outros tipos de espécies,
incluindo queixadas, jaguatiricas e tamanduás.
Um estudo de 2013 referiu-se ao tatu-canastra como
"um engenheiro de ecossistemas" que "pode ser de alto valor para
a comunidade de vertebrados".
Segundo a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), o
tatu-canastra é considerado vulnerável, o que significa que a espécie tem
chance de entrar em extinção na natureza.
No Cerrado, uma das maiores ameaças a esse animal é a
expansão agropecuária, que traz com ela o desmatamento e a construção de
estradas para o transporte de sua produção.