Guarda municipal estava escalado para trabalhar no sábado
(18). Como não apareceu, colega da corporação chegou a ligar para o GM e enviou
mensagem perguntando se ele estava de folga. Filho respondeu um dia após o
assassinato do guarda.
Colega questionou se o homem estava de folga no sábado (18). Adolescente se passou pelo pai e disse que estava doente — Foto: Guarda Municipal de Jundiaí/Divulgação
Um print mostra o adolescente de 16 anos, que confessou ter
matado a família dentro de casa, na Zona Oeste de São Paulo, fingindo ser o pai
e justificando a falta dele no trabalho na Guarda Municipal de Jundiaí (SP), no
sábado (18).
O pai, a mãe e a irmã do suspeito foram encontrados mortos na
casa onde moravam depois que o adolescente ligou para a PM confessando o crime,
na noite do último domingo (19).
O print da conversa pelo WhatsApp que mostra que um colega da
corporação tentou ligar para o guarda, no sábado (18), às 7h20 (veja acima). De
acordo com a polícia, o guarda municipal foi morto na sexta-feira (17), com um
tiro nas costas disparado pela própria arma.
A Guarda Municipal de Jundiaí informou que o agente estava
escalado para trabalhar no sábado.
Como o colega não foi atendido, resolveu enviar uma mensagem
para o GM perguntando se ele estava de folga naquele dia. A mensagem foi
enviada às 7h35.
Arma e munição foram apreendidas na casa do guarda de Jundiaí, assassinado pelo filho adotivo em São Paulo; esposa e filha também morreram — Foto: TV Globo/Reprodução
O adolescente responde ao questionamento três horas
depois. Fingindo ser o pai, diz "Eu estou doente". Em seguida,
o colega responde "Se precisar de alguma coisa, dá um alô para
gente".
O homem atuava como guarda municipal desde 2012 e atualmente
estava na Divisão Florestal da corporação.
O crime
De acordo com o delegado Roberto Afonso, responsável pela
investigação, o adolescente relatou que na sexta-feira (17), após ter o celular
e computador retirados pelos pais, decidiu matá-los.
O pai, a mãe e a irmã foram encontrados mortos na residência.
No domingo (19), o filho do casal ligou para a Polícia Militar e confessou o
crime. Os corpos ficaram três dias no imóvel.
Segundo relatou à polícia, primeiro, ele pegou a arma de fogo
do pai, usada no trabalho como Guarda Civil de Jundiaí, e atirou contra o
agente quando ele estava na cozinha e de costas, por volta das 13h. O
adolescente disse que sabia onde o pai escondia a arma.
Celulares apreendidos pela polícia após adolescente matar pai, mãe e a irmã em SP — Foto: Paola Patriarca/g1
A irmã, que estava no primeiro andar da casa, ouviu o disparo
e gritou. O adolescente, então, foi até ela e atirou contra seu rosto. A jovem
não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
O jovem afirmou que se relacionava bem com a irmã, mas como a
mãe chegaria na casa depois de seis horas e ele tinha a intenção de também
matá-la, não conseguiria manter a irmã em cativeiro e ela poderia impedir o
crime.
O adolescente ainda relatou que foi para a academia após
matar o pai e irmã. Ao retornar, esperou pela mãe, que foi assassinada assim
que viu os corpos do marido e da filha. O adolescente colocou uma faca no corpo
da vítima no dia seguinte.
Ainda de acordo com o delegado Roberto, o adolescente se
surpreendeu ao saber pela polícia que seria apreendido. Contudo, não demonstrou
arrependimento.
"Ele tomou um susto, né? Foi uma surpresa pra ele a hora
que falou que ele ia ser preso. Ele se espantou com isso. Então, a gente não
sabe se ele estava fora de uma realidade com relação à apreensão, mas pode ser
também que ele tenha levado em consideração 'como vou ser preso se sou um
adolescente'. Então, isso a gente também está analisando porque, lá na frente,
isso faz uma diferença", afirmou.
O caso foi registrado como ato infracional por homicídio,
feminicídio, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e vilipêndio
de cadáver. O adolescente foi apreendido e levado à Fundação Casa.