"Taxação da Shein": A partir de quando começa a valer?

Varejistas internacionais, como Shoppee, Shein e Aliexpress, serão as mais afetadas

 

Shein — Foto: Justin Chin/Bloomberg

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite de terça-feira (28), o projeto de lei que acaba com a isenção tributária para compras internacionais de até US$ 50. Estes produtos serão taxados com 20% de Imposto de Importação. A medida afetará varejistas internacionais, como Shoppee, Shein, Aliexpress e outras.

No entanto, a tributação sobre estes produtos, chamada popularmente de "taxação da Shein" ou "taxação das blusinhas", só entrará em vigor após a aprovação pelo Senado e sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é esperada para a próxima semana. Mesmo os produtos já comprados, mas que ainda não chegaram ao país, serão tributados com a nova regra.

A tributação efetiva sobre os produtos deve alcançar 44,5%, já que também pagam 17% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os estados através do programa Remessa Conforme.

Mariana Valença, advogada tributarista do Murayama, Affonso Ferreira e Mota Advogados, aponta que, caso o projeto seja aprovado, os produtos ficarão mais caros.

“Com certeza os produtos que serão taxados ficarão mais caros. O cenário mais provável é que o custo do imposto seja repassado ao consumidor final, resultando em um aumento no preço da mercadoria”, disse.

Em agosto de 2023, as mercadorias enviadas de empresas para pessoas físicas pagavam 60% de Imposto de Importação. O Ministério da Fazenda publicou portaria isentando esses envios do imposto para empresas que aderissem ao programa Remessa Conforme, que define regras de transparência para a importação.

A ‘taxação das blusinhas’ foi introduzida como um jabuti — jargão político que significa a inserção de uma norma alheia ao texto principal de uma lei — dentro da nova lei automotiva brasileira, o Mover.

O objetivo é aprovar o projeto antes da medida provisória (MP) do programa Mobilidade Verde e Inovação, o Mover, perder a validade na sexta-feira.

O presidente Lula havia se posicionado contra a taxação de compras internacionais de até US$ 50, afirmando que vetaria o projeto caso ele passasse pelas Casas Legislativas. No entanto, após encontro com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), o chefe do Executivo se comprometeu a sancionar o texto.

“É uma concertação de todos os partidos, com o Poder Executivo, para proteger a indústria nacional”, afirmou o líder do PT na Câmara, deputado Odair Cunha (MG).

Valença também explica que o valor acrescido pela taxação será cobrado no momento de compra nos sites, sendo discriminado o valor da mercadoria e o valor do tributo. “Caso não ocorra de forma automática, a cobrança poderá ser realizada na fiscalização aduaneira.”

Valor apurou nas últimas horas que a mudança súbita, com a volta de uma alíquota, não era esperada pelas plataformas asiáticas, até a semana passada.

Apesar da taxação inesperada, a proposta inicial, feita por Átila Lira (PP-PI), seria de uma tributação de 60% de Imposto de Importação já cobrada dos produtos acima dessa faixa de preço, o que resultaria numa alíquota efetiva de 90%. Ao longo do debate, a alíquota proposta baixou para 45% e 25%, até que foi definida em 20%.

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