Idosa que teve casa invadida por engano pela polícia está ‘em choque’ e toma remédios para dormir , diz família

Imagens da câmera de segurança mostram o momento em que a equipe arromba portão. Conforme a família, endereço dela é diferente do que consta no mandado judicial.

 

A idosa de 88 anos que teve a casa invadida por policiais civis durante uma operação em Itapuranga, no noroeste goiano, passou a tomar remédios para dormir, segundo a família. Em entrevista, a idosa explicou que levou um grande susto após os agentes arrombarem o portão da casa (assista acima).

"Ela estava assistindo um programa do missionário na TV. Ela tem problemas cardíacos, ficou em choque após o ocorrido, tem tomado remédios para dormir", explicou um familiar da idosa, que não quis se identificar.

A situação ocorreu na sexta-feira (5), por volta das 6h. Conforme a família, o endereço da idosa é diferente do que consta no mandado judicial. O número da rua e do lote são iguais, mas o número da quadra é diferente.

Em entrevista à TV Anhanguera, a idosa contou que os policiais vasculharam os cômodos da casa e chegaram a desligar as câmeras de segurança. "Eu pedi 'por favor' para ligarem as câmeras, porque minha a menina [filha] chegaria e eu saberia que é ela, porque eu abro a porta quando vejo quem é", disse.

“Invadiu, arrebentou o portão e entrou. Quase me matou de susto. [Estava] na minha cama assistindo meu programa e eles fazem uma coisa dessas comigo. Judiou demais comigo”, disse a idosa, chorando.

A família ainda reclamou dos danos materiais deixados no portão, que ainda não foi consertado. Na casa, moram apenas a idosa e a filha de 55 anos, que tinha saído para a academia antes da chegada dos policiais.

Em nota, a Polícia Civil de Goiás afirmou que era cumprido um dos mandados de busca e apreensão da Operação Commercium Sine Tributo, realizada pela Delegacia Fazendária da Polícia Civil de Mato Grosso. Conforme a instituição, os responsáveis pela investigação eram policiais civis de Mato Grosso, enquanto os policiais civis goianos prestaram auxílio operacional - leia a nota na íntegra ao final do texto.

A Polícia Civil de Mato Grosso confirmou que a operação é do estado, mas afirmou que a ação e a conduta foram de policiais civis de Goiás, que apoiavam a operação, e que policiais de Mato Grosso não estavam no local. Conforme a instituição, o mandado judicial era destinado a uma casa alvo de uma operação contra um esquema de comercialização e transporte de grãos - leia a nota na íntegra ao final do texto.

 

Vídeo de câmera de segurança mostra quando policiais entram em casa, em Itapuranga, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Nota da Polícia Civil de Goiás:

A Polícia Civil de Goiás informa, com relação ao cumprimento de um dos mandados de busca e apreensão ocorridos na sexta-feira (05/07), na cidade de Itapuranga-GO, no bojo da Operação Commercium Sine Tributo, decorrente de investigação realizada pela Delegacia Fazendária da Polícia Civil do Mato Grosso, que a diligência oriunda de mandado judicial foi realizada por policiais civis do Mato Grosso, responsáveis pela investigação, e que os policiais civis goianos apenas auxiliaram na diligência conferindo apoio operacional.

Goiânia, 8 de julho de 2024.

Nota da Polícia Civil de Mato Grosso:

É importante e primordial esclarecer: não foi ação de policiais civis de Mato Grosso na cidade citada. A operação é da Polícia Civil de Mato Grosso, mas a ação e conduta citadas foram em relação a policiais civis de Goiás, que davam apoio à operação.

A Polícia Civil de Mato Grosso esclarece que a residência alvo de mandado judicial da Operação Commercium Sine Tributo (por meio da Delegacia de Crimes Fazendários, Secretaria de Fazenda de Mato Grosso e 14ª Promotoria de Justiça), deflagrada na última sexta-feira (05.07) nos estados de Mato Grosso e Goiás contra esquema na comercialização e transporte de grãos, foi apontada nas investigações, por meio de checagem em registros oficiais e entrevistas, como um dos locais que um dos investigados poderia ser localizado. A medida foi cumprida no endereço por uma equipe da Polícia Civil de Goiás, que deu apoio à operação.

Em relação à conduta dos agentes que estavam no endereço, o questionamento sobre suposto pedido para que câmeras do local fossem desligadas e eventuais excessos por parte da equipe policial deve ser feito diretamente à Polícia Civil de Goiás, uma vez que quem estava no endereço eram policiais da instituição de Goiás e não de Mato Grosso.

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