Situação ocorreu em Guarulhos (SP), antes do bate e volta de
Cascavel (PR), quando houve a queda
"Vou contar uma história. A gente teve um livramento que
só Deus explica. Eu, a Bruna e o Benício chegamos a ficar 30 minutos dentro
desse avião que caiu", conta o técnico em prótese dentária, Fernando
Morais, que mora em Chapadão do Sul com a esposa e o filho bebê de 1 ano.
Assim ele começa o relato postado em suas redes sociais. A
família tirou férias no Chile e desembarcou no Aeroporto de Guarulhos (SP),
onde quase pegou o voo que iria para Cascavel (PR) fazer um bate e volta.
Mas, em vez de entrarem na aeronave que desembarcaria em Rio
Verde (GO), o destino correto dos três, eles acabaram entrando no voo ATR-72 da
Voe Pass – o mesmo que caiu na sexta-feira (9), em Vinhedo (SP), deixando 62
pessoas mortas.
"Provavelmente iríamos voar até Cascavel por engano, e
voltaríamos com o mesmo avião nesse horário que infelizmente veio acontecer o
acidente", calcula Fernando.
O casal ficou em poltronas separadas porque já havia um homem
sentado em um dos lugares. Acreditando que fosse o caso de bilhetes duplicados,
aceitaram outro assento. "Começou a ter um 'rolo', vários lugares
duplicados. Estavam sem sistema e não tinham muito controle dos passageiros
ali", lembra.
Ao ouvirem a conversa entre outro passageiro e uma
comissária, sobre o destino ser mesmo Cascavel (PR), perceberam que houve um
engano e pediram ajuda para confirmar se estavam no voo certo.
Portão e ônibus - O pai acredita que a confusão aconteceu
porque o portão de embarque para os voos com destino a Cascavel e Rio Verde era
o mesmo, e os passageiros dividiram o mesmo ônibus que os transportaria até as
aeronaves. Inclusive, ele leu "Rio Verde" no letreiro digital do
portão, diz Fernando.
Os funcionários da Voepass estavam sem acesso ao sistema
dentro da aeronave e ficaram com os bilhetes do casal, o que também pode ter
contribuído na falha para a checagem do destino dos passageiros, ele supõe.
As comissárias de bordo que morreram no voo ATR-72, Rubia
Silva de Lima e Debora Soper Avila, ajudaram Fernando e Bruna a confirmarem o
engano, saírem da aeronave e seguirem para o voo correto. O técnico lembra mais
de Debora: "não me esqueço do rosto dela, ela nos ajudou muito", diz
no vídeo.
Fernando termina o relato de quase 10 minutos (ouça completo
no vídeo acima) prestando solidariedade a quem perdeu um ente querido por causa
da tragédia.
"Meus sentimentos a todos os familiares. Foi muito
triste. A gente conviveu com esse pessoal pelo menos um pouquinho de manhã.
Estava todo mundo feliz, bem", diz.
A família está bem e já de volta a Chapadão do Sul. A reportagem tenta contato para apurar mais informações. Créditos Campo Grande News