Juliana Chiumento iria para o Rio de Janeiro onde faz
especialização. Amigos delas estavam no voo e morreram. Estavam a bordo 62
pessoas e ninguém sobreviveu.
Médica muda passagem de voo após pedido do pai e não embarca em avião que caiu em Vinhedo — Foto: Reprodução RPC |
A médica Juliana Chiumento tinha uma viagem programada na
tarde de sexta-feira (9) com o voo 2283, que saiu de Cascavel, no oeste do
Paraná, e caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo. Porém, ela decidiu mudar a
passagem depois que o pai dela, Altermir Chiumento, a enviou um áudio pedindo
para ela mudar a data da viagem.
"Então filha, se você conseguir ir para sábado, vai
sábado de manhã. Melhor, vai mais sossegada, tranquila, de boa. Chegue
tardezinho lá, descansa, vê aí, que se você conseguir marcar pra sábado, você
marca pra sábado", disse, no áudio.
A aeronave tinha como destino Guarulhos, em São Paulo.
Estavam a bordo 62 pessoas, sendo 4 tripulantes. Ninguém sobreviveu.
— Max Ribeiro (@max_ribe_29) August 12, 2024
Entre as vítimas estavam amigos da médica, que viajaria para o Rio de Janeiro onde faz uma especialização. O pedido do pai, no entanto, a fez mudar de planos.
"A cabeça está a mil, mas graças a Deus tenho muito
suporte e está todo mundo me dando muito apoio, mas eu preciso voltar, eu moro
no Rio de Janeiro, vou para lá estudar, fico nessa ponte Rio de Janeiro a
Cascavel, sempre fazendo conexão em Guarulhos. Toda vez que eu colocar os pés
neste aeroporto, subir em um avião, vou lembrar desse livramento que Deus me
deu", contou a médica.
Emocionado, o pai da médica disse em entrevista à RPC que
teve um "pressentimento de pai" que o fez enviar a mensagem que
salvou a vida filha.
"Pressentimento de pai. Eu disse 'filha, fica mais uma
com o pai aqui' e ela disse que ia tentar remarcar para sábado. [...] estou
todo dia orando pelos meus filhos. [...] muito motivos para agradecer",
relembrou o pai da médica.
A queda
Esse é o acidente aéreo com o maior número de vítimas desde a
tragédia da TAM, em 2007 no Aeroporto de Congonhas, quando houve 199 mortos.
De acordo com a companhia aérea, as vítimas estavam em um
avião turboélice de passageiros, modelo ATR-72.
Segundo a VOEPASS Linhas Aéreas, a aeronave decolou de
Cascavel sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a
realização da operação, e todos os tripulantes com habilitação válida.
O avião saiu de Cascavel às 11h46 e pousaria em Guarulhos.
A aeronave voou por 1 hora e 35 minutos sem qualquer registro
de ocorrências, até fazer uma curva brusca, despencar 4 mil metros em
aproximadamente 1 minuto e sumir do radar, após explodir no terreno de uma casa
em um condomínio residencial.
Imagem do Globocop mostra local da queda de avião em Vinhedo (SP) — Foto: Reprodução/TV Globo |
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em
espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde
a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
A Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, companhia aérea
dona da aeronave, divulgou um telefone, disponível 24h, para prestar
informações a familiares de vítimas, colaboradores e interessados: 0800
9419712.
Em nota, a companhia disse priorizar "prestar irrestrita
assistência às famílias das vítimas" e que colabora com as autoridades
para apuração das causas do acidente.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) lamentou o
acidente e disse que vai monitorar "a prestação do atendimento às vítimas
e seus familiares pela empresa, bem como adotando as providências necessárias
para averiguação da situação da aeronave e dos tripulantes".
A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar o
acidente. Um 'gabinete de crise' foi montado pela corporação na casa de um
morador dentro do condomínio onde houve a tragédia.