Segundo o biólogo Paulo Marotti, neste período, as cobras costumam sair em busca de alimento e, por isso, as chances de serem avistadas aumentam.
Uma cobra da espécie jiboia foi flagrada na BR 432, que liga
a Vila Santa Rita com a Vila Central, no Cantá. O animal foi visto parado na
estrada na noite da segunda-feira (23). O servidor público Robson Júlio, de
27 anos, foi quem encontrou a cobra primeiro e fez registros em vídeo.
Por não ter tido tempo de resposta ao ver a jiboia, Robson a
atropelou por acidente, mas retornou ao local para verificar o estado do
animal. Além dele, outros motoristas pararam no meio da estrada para checar o
que havia acontecido.
“Eu estava voltando para Boa Vista e vi a cobra atravessando
a estrada. Como já estava muito próximo dela, não tive como desviar. No momento
em que voltei, ela já estava se enrolando toda e notei que ficou machucada na
área em que os pneus passaram. Minha intenção em voltar foi para tira-la da
estrada, para ninguém passar por cima e matá-la. Ela é grande. Se fosse um
motoqueiro, teria caído feio”, afirmou.
Robson relatou que as outras pessoas no local tentaram
espantá-la com o galho de uma árvore para que retornasse à mata, mas não
tiveram êxito. Por essa razão, tiveram que arrastar a cobra pelo rabo até a
beira da estrada. Ele comentou que o momento em que foi avistada até ser
arrastada de volta levou cerca de 25 minutos. “O susto foi grande, porque, como
é possível ver, ela é grande e estava bem gorda. Então, o impacto foi forte”,
disse.
O biólogo e professor da Universidade Federal de Roraima
(UFRR), Paulo Marotti, analisou os vídeos registrados por Robson e confirmou
que o animal é uma jiboia adulta (Boa constrictor), e alegou que é um
animal comum na região.
“Pelas imagens não dá pra dizer se é macho ou fêmea, pois
precisaria ver mais detalhes da cauda, onde fica o orifício em que podemos
notar se tem hemipenis (no caso macho) ou sem a protuberância (fêmea)”,
explicou.
Marotti ressaltou que a jiboia não é peçonhenta e se alimenta
desde ratos a bezerros. Sua forma de capturar a presa é por bote, seguido de
asfixia. Segundo o professor, neste período, as cobras costumam sair em busca
de alimento e, por isso, as chances de serem avistadas aumentam.
“As cobras são animais que não conseguem manter sua
temperatura corpórea, varia conforme a temperatura do ambiente. Quando acaba o
inverno e vamos para o verão, a temperatura aumenta e o metabolismo desses
animais também. Ou seja, é normal esses animais saírem para buscar alimento
agora. Provavelmente, ela estava em busca de comida. Costumamos chamar setembro
e outubro como os meses das cobras”, esclareceu.
Devido ao impacto do atropelamento, o biólogo afirmou que,
mesmo sendo de grande porte, as chances do animal sobreviver são baixas. Ele
explicou que o acidente deve ter causado a fratura de alguma costela da cobra
e, por isso, não conseguirá se recuperar.
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