Imagem de câmara corporal indica que suspeito estava com uma arma. Homem foi morto. Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo afirmou que 'imagens demonstram, numa primeira análise, erro procedimental' e que 'a equipe teve a oportunidade de imobilizar a vítima com algemas e não o fez'.
Um policial militar deu dois t*ros na cabeça de um suspeito
que já estava rendido, deitado no chão, mas que resistiu à prisão e,
aparentemente, sacou uma arma contra ele durante abordagem em Guarulhos, na
Grande São Paulo, no início de agosto deste ano. A ação foi registrada pela
câmera corporal do agente.
É preciso ver o vídeo em câmera lenta para conseguir enxergar
que o suspeito também tem uma arma. Segundo a Secretaria da Segurança Pública
(SSP), a ocorrência aconteceu após policiais perseguirem e abordarem dois
indivíduos que tentaram fugir em um veículo furtado.
A SSP disse que um dos suspeitos foi preso; o outro, que
aparece no vídeo, de acordo com a pasta, "entrou em luta corporal e sacou
um revólver contra o agente". O homem, mesmo bal*ado duas vezes na cabeça,
foi encaminhado ao Hospital Geral de Guarulhos, mas não resistiu aos ferimentos.
O vídeo mostra o policial tentando prender o homem, que não
disponibiliza os braços para ser algemado.
"Põe a mão pra trás, põe a mão pra trás, caralho. Tira a
mão da cintura", grita o policial, enquanto dá uma série de s*cos no
suspeito.
"Você vai tomar um t*ro! Tira a mão da cintura",
diz o policial, que saca a arma e aponta para o homem, que aparece com o rosto
ens*nguentado. Enquanto recebe mais s*cos, o homem chega a gritar por socorro
algumas vezes
"Você vai tomar um t*ro, caralho", grita o policial
novamente.
O policial pede reiteradas vezes para que o suspeito coloque
as mãos para trás, mas ele não obedece e, em determinado momento, saca uma arma
contra o agente. O policial consegue desarmar o homem e, segundos depois, at*ra
duas vezes na região da cabeça.
Não é possível ver um outro policial nas imagens, mas a SSP
afirmou que ele estava com uma equipe e que as câmeras dos policiais serão
analisadas.
A SSP informou que a Polícia Militar abriu um inquérito para
investigar as circunstâncias da ocorrência, registrada em 3 de agosto, no
bairro dos Pimentas, em Guarulhos.
Em nota a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo afirmou
que "as imagens demonstram, numa primeira análise, erro procedimental que
já vem se tornando fato comum na escalada da violência policial no presente
período".
"A equipe teve a oportunidade de imobilizar a vítima com
algemas e não o fez, disparando t*ros na região entre o pescoço e a nuca",
disse o ouvidor Claudio Silva.
O órgão informou que abriu procedimento nesta quarta-feira
(25), solicitando à Corregedoria providências com total celeridade, "pois
a sociedade não suporta mais assistir inerte a esta escalada de violência que
fere a um só tempo os procedimentos da boa polícia e da segurança pública, bem
como os direitos e princípios de humanidade, esperando que a sonhada proteção
aos cidadãos não se transforme, paulatinamente, em tribunal de execução".
As armas envolvidas na ocorrência, uma pistola .40 e um
revólver de calibre 38, com munições picotadas, foram apreendidas e
encaminhadas para a perícia.
"O veículo furtado, além de documentos, cartões
bancários também produto de furto também foram apreendidos. As imagens das
câmeras corporais dos policiais, que registraram toda a ação, foram anexadas ao
inquérito e compartilhadas com a Polícia Civil", disse a pasta em nota.
CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR O VÍDEO
Guarda-civil de Carapicuíba compartilhou vídeo
Guarda-civil de Carapicuíba, na Grande SP, compartilhou vídeo — Foto: Reprodução/Instagram |
Um guarda-civil da cidade de Carapicuíba, na Grande São
Paulo, compartilhou o vídeo e escreveu um comentário em apoio à ação do
policial militar.
"Não somos pagos para morrer! Ladrão escolheu vim
deitado", disse ele.
A Prefeitura de Carapicuíba disse que "a conduta
mencionada não condiz com os valores e princípios da Guarda Civil Municipal,
nem com as orientações e treinamentos oferecidos aos membros da
corporação".
A Secretaria da Segurança do município informou não havia
recebido qualquer denúncia ou reclamação formal sobre o comportamento do GCM e
apontou que "o servidor já reconheceu o erro, expressou arrependimento e
prontamente removeu o conteúdo das redes sociais".
"A Prefeitura, por meio da Secretaria de Segurança,
reitera que as medidas administrativas cabíveis já estão sendo tomadas para
apurar o caso com a devida transparência, garantindo a correção necessária de
condutas incompatíveis com o serviço público", disse a administração
municipal.