Lourival Fatica, assassino confesso, apontou a localização do
corpo durante audiência. Britadeira foi usada para escavar.
A 105ª DP (Petrópolis) encontrou restos mortais que seriam de
Anic Herdy, advogada desaparecida desde fevereiro deste ano após ter sido
sequestrada pelo ex-amante. Lourival Fatica confessou tê-la assassinado e
enterrado o corpo na garagem de casa na Rua Alberto Sabin, em Teresópolis.
Corpo, em estágio avançadíssimo de decomposição, tinha
torniquete no pescoço, cabelos escuros, era de mulher e estava enrolado em um
plástico bolha. A polícia fará um exame de DNA para atestar se os restos
mortais são mesmo de Anic Herdy.
A Polícia Civil fez uma operação de busca no endereço
apontado por Lourival, e uma britadeira precisou ser usada por horas para
escavar o local por cerca de 1 metro de profundidade. Os agentes conseguiram
retirar o corpo por volta das 21h30.
A operação aconteceu no mesmo dia em que Lourival presta
depoimento na 2ª Vara Criminal de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, onde
ele deu as informações.
Lourival afirmou, através de sua defesa, que matou Anic com
um soco na traqueia em um motel. Ele disse que, depois disso, levou o corpo no
seu carro, o enterrou em um buraco e jogou concreto em cima.
Ele também disse ter matado Anic a mando do marido dela,
Benjamin. A defesa de Benjamin nega as acusações.
O advogado João Vitor Ramos, que representa o viúvo, disse
que nova versão apresentada por Lourival "se trata de mais um ato de
desespero e de crueldade" e que tanto ele quanto seus procuradores serão
processados (Leia a íntegra da nota ao fim desta reportagem).
A delegada que coordenou as investigações, Cristiana Onorato Miguel, disse ao g1 e à TV Globo que nada foi encontrado contra o marido de Anic.
“Ao contrário do telefone do Lourival, que foi totalmente
apagado por ele, o telefone do Benjamim foi periciado e vasculhado de ponta a
ponta. Nenhum indício nesse sentido foi encontrado”, afirma.
Anic e Lourival — Foto: Reprodução |
Morte encomendada desde janeiro
Lourival afirmou que o crime começou a ser planejado em
janeiro, um mês antes do desaparecimento de Anic. Segundo ele, a vítima está
morta desde então, e o sequestro dela foi uma invenção:
“Benjamin determinou a morte desde o mês de janeiro, e o
sequestro foi uma forma de encobrir esse crime”, afirmou Flávia Froes.
“Todo o plano foi forjado por ambos, e só não deu certo
porque a filha de Benjamin gravou uma conversa dela com Benjamin e Lourival, em
que ela estranha o crime”, prosseguiu.
“Durante todo o período do falso sequestro, Benjamin e
Lourival estiveram juntos. As antenas dos celulares de Lourival e Benjamin vão
provar que ambos estavam no mesmo lugar e fizeram tudo juntos”, acusou.
“Lourival utilizou o telefone da Rebecca para se movimentar, e manda a mensagem
de Guapimirim para Benjamin após o assassinato.”
Ação da Polícia Civil para procurar o corpo de Anic na casa de Lourival — Foto: Marcus Wagner/g1 |
Nota de defesa do viúvo
"Em relação à 2ª entrevista coletiva convocada e
prestada pela defesa de Lourival, a família de Anic entende que se trata de
mais um ato de desespero e de crueldade.
Diante do óbvio e inevitável fracasso em tentar imputar a
responsabilidade à própria vítima, tese que tentou emplacar quando do início
das investigações, Lourival novamente altera a sua versão e agora, após a
conclusão das investigações, adota a patética estratégia de desestabilizar
Benjamim e Lara, que em breve serão ouvidos em declarações na instrução
criminal, ao atribuir a autoria ao marido da vítima.
Como se observa, retirar a vida de Anic não satisfez
Lourival. A dor e o sofrimento do marido e dos filhos da vítima também não
foram suficientes. Acuado pelo iminente início da instrução processual, que
certamente culminará na sua condenação, assim como de todos os indiciados pela
autoridade policial e denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de
Janeiro, Lourival utiliza o holofote proporcionado pela repercussão do caso
para se promover e para prosseguir na missão de destruir aquilo que nunca foi
capaz de alcançar em sua vida e que sempre invejou em Benjamim, Anic, Nickolas
e Lara: A união e o amor de uma família.
Lamentavelmente, essa empreitada conta com o apoio da defesa,
que deveria se limitar ao aspecto técnico. Talvez acreditando que o exercício
do inafastável direito de defesa lhe confere imunidade absoluta, Lourival, por
intermédio dos seus procuradores, há muito prática reiterados abusos e
excessos, incluindo-se, a toda evidência, a falsa imputação pública de crime a
Benjamim.
Embora a emoção e a impulsividade reclamem resposta à altura,
a família de Anic e seus advogados seguirão firmes no respeito ao devido
processo legal, sempre observando o sigilo do processo criminal e,
principalmente, atuando e dialogando nos estritos limites institucionais.
Portanto, como consequência das declarações formuladas na
entrevista coletiva em questão, Lourival e seus procuradores serão demandados
na esfera cível, criminal e disciplinar.
No mais, a família de Anic segue acreditando no Poder
Judiciário e, principalmente, na minuciosa investigação conduzida pela Polícia
Civil e pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que há meses
identificou e denunciou os efetivos responsáveis pelo assassinato de Anic.
Nota da defesa de Rebecca
"Em relação ao caso envolvendo Anic Herdy, gostaríamos
de esclarecer e reafirmar que nossa cliente, Rebeca, não teve qualquer
participação na referida empreitada criminosa.
Ficou demonstrado, ao passar do tempo, e com a revelação do
Sr. Lourival na data de hoje, que Rebeca desconhecia completamente qualquer
atividade ilícita. Um dos elementos mais evidentes dessa comprovação veio à
tona quando a própria autoridade policial, ao expor informações à mídia,
apresentou uma mensagem de Rebeca mencionando "cinzas". Essa
mensagem, no entanto, apenas reforça sua completa falta de conhecimento, uma
vez que a Anic não morreu queimada, como soubemos hoje através da busca na casa
de Lourival.
Rebeca, portanto, não tem envolvimento com os fatos
investigados, e sua inocência é clara diante das circunstâncias
apresentadas".