Herdeira, “Mãezona” já ocupa espaços preferidos da “Vovózona”. Foto: Vilmar Teixeira |
A cidade turística de Bonito, no Mato Grosso do Sul, famosa
pela rica biodiversidade e pelas sucuris gigantes, viveu uma perda
significativa em março deste ano com a morte de “Vovózona”, a maior
sucuri-verde já catalogada no mundo, que morreu de causas naturais. Agora, sua
“herdeira” natural, conhecida como “Mãezona”, assumiu o título de nova rainha
das sucuris na região alagada do Rio Formoso.
Em entrevista ao Jornal Midiamax, o monitor ambiental
Vilmar Teixeira, conhecido como o “pai” das anacondas de Bonito, comentou sobre
a transição de trono entre as duas sucuris. Segundo ele, “Mãezona” já demonstra
comportamentos que indicam sua liderança na região. “Mãezona” ocupa os pontos
favoritos para banho de sol que eram da icônica “Vovózona”, agora reconhecida
como a maior sucuri documentada, com impressionantes 6,5 metros de comprimento.
Sucesso internacional: As sucuris gigantes de Bonito
Nos últimos anos, as sucuris de Bonito ganharam fama
internacional, atraindo documentaristas e turistas de várias partes do mundo.
Os registros impressionantes de suas aparições e interações naturais na região
se tornaram atrativos para quem visita Mato Grosso do Sul.
Teixeira explica a escolha dos nomes populares das serpentes,
que foi feita com base em seus tamanhos e idades. “Vovózona” era conhecida por
sua imponência e longevidade, enquanto “Mãezona” representa a força da nova
geração das sucuris de Bonito.
— Max Ribeiro (@max_ribe_29) October 29, 2024
Imagens: Vilmar Teixeira
A confirmação de “Vovózona” como a maior sucuri catalogada
veio apenas após sua morte. Com 6,5 metros de comprimento, ela foi medida
oficialmente somente após ser encontrada morta e sua perda representou um
impacto global para a conservação da espécie Eunectes murinus, que
perdeu seu exemplar mais icônico. A presença de “Mãezona” agora traz esperança
de continuidade do legado, ainda que suas medidas oficiais ainda não tenham
sido confirmadas pelos pesquisadores.
“Mãezona” como herdeira e a questão do parentesco
“Vovózona”, que morreu, à esquerda e “Mãezona” à direita. Fotos: Vilmar Teixeira |
O monitor Vilmar Teixeira não confirma com precisão se
“Mãezona” é realmente a maior da área é atualmente a maior sucuri da área, mas
revela que é a maior que ele tem acesso, com cerca de 6 metros de comprimento
estimados. “Por conta das nomenclaturas, muita gente acreditou por um bom tempo
que se tratavam de mãe e filha. Alguns ainda pensaram que as duas poderiam ter
nascido na mesma ninhada e, portanto, seriam irmãs. Contudo, a ciência jamais
atestou qualquer grau familiar entre elas”, afirma Teixeira. Os laços
familiares entre as duas nunca foram confirmados, embora ambas tenham se
destacado pelo porte e pela majestade.
Instinto de sucuri
O que se sabe é que, moralmente, por conta do tamanho, da
fama e da imponência, “Mãezona” tornou-se a herdeira natural de “Vovózona”,
assumiu o trono de rainha e já ocupa espaço após a tragédia ambiental
envolvendo a morte da sucuri mais velha.
Apesar disso, a finada sucuri é insubstituível no coração do
monitor Vilmar. Com a fama de guardião das serpentes em Bonito, o guia
turístico era apegado à maior das cobras e confessa sentir saudades, sete meses
após o falecimento do animal.
Questionado se algo mudou no município depois da morte do
exemplar, ele acredita que sim. “As pessoas começaram a se preocupar mais com
essa área de preservação em Bonito. Vejo que muita gente está olhando com mais
respeito para as questões que envolvem cuidado ambiental”, afirma.
Por fim, Vilmar revela acreditar que os animais que vivem no
mesmo habitat antes dominado por “Vovózona” também passaram a se comportar de
maneira diferente na área desde sua partida, sendo o instinto de “Mãezona” ao
assumir o trono de rainha do Rio Formoso a mais notável entre as mudanças.
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