SSP disse que as investigações prosseguem por meio de inquérito policial militar (IPM) e pela Polícia Civil, com análise das imagens externas e das câmeras corporais dos agentes. Episódio foi gravado por testemunhas.
Doze policiais militares que agrediram uma mulher de 63 anos
e deram um golpe de mata-leão em seu filho durante uma abordagem foram
afastados de suas atividades operacionais após prestarem depoimento na
Corregedoria da Polícia Militar nesta quinta-feira (5).
As agressões ocorreram na garagem da família, em Barueri, na Grande São Paulo, na noite da quarta(4). Vídeos gravados por testemunhas e obtidos pela TV Globo registraram a cena violenta.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que as
investigações do caso prosseguem por meio de Inquérito Policial Militar (IPM) e
pela Polícia Civil, com análise de imagens externas e das câmeras corporais dos
agentes.
"A Polícia Militar reitera que não compactua com desvios
de conduta e assegura que todo excesso cometido por policiais será penalizado
em conformidade com a lei", diz a pasta.
Geralmente, casos envolvendo policiais militares e que têm
IPM instaurado são investigados pelos setores de Justiça dos batalhões ou
quartéis. O g1 questionou a SSP sobre o motivo de a Corregedoria ter assumido a
investigação de Barueri, mas não obteve retorno até a última atualização desta
reportagem.
Agressão
Matheus Higino Lima Silva, de 18 anos, e Juarez Higino Lima
Junior, de 39, estavam na calçada com uma moto próximo à residência, quando
foram abordados por PMs na Rua Mar Negro. O veículo estava com a documentação
atrasada, por isso os agentes iriam apreender a motocicleta.
Pai e filho resistiram à ação e correram para o interior da
garagem. Segundo a versão da PM, apresentada no boletim de ocorrência, eles
teriam xingado os agentes de "seus lixos".
Com a chegada de reforços, eles entraram no imóvel, agredindo
a família com golpes de cassetete. A abordagem se transformou em uma confusão
generalizada. Nas imagens, é possível ver que um dos PMs chegou a aplicar em
Juarez um golpe de mata-leão, proibido pela instituição desde 2020.
No vídeo, Lenilda Messias Santos Lima, mãe de Juarez, ainda
aparece com o rosto sangrando e aos prantos. Ela é empurrada e chutada por um
policial, que puxa a idosa pela gola do casaco.
À TV Globo, Juarez contou que os policiais
entraram na casa sem mandado e de forma violenta.
“Eles vieram e deram um monte de pontapé, empurraram a porta
e abriram. Do jeito que eles abriram, já entraram com pistola na nossa cara,
com laser, as pistolas com luz verde na nossa cara, arma grande e o cassetete
batendo em todo mundo. Pegaram meu filho e levaram para o canto. Batendo nele
todo o tempo e virou aquela confusão generalizada. Uma verdadeira cena de
terror."
Em razão dos ferimentos, Juarez, Matheus e Lenilda foram
levados para o Pronto Socorro Central de Barueri (Sameb) e depois encaminhados
à Delegacia de Polícia de Barueri. O caso foi registrado como desacato,
resistência, lesão corporal e abuso de autoridade.
Em depoimento, os policiais justificaram a entrada na casa
sem autorização e o uso da força pela "caracterização do estado
flagrancial em que se encontrava Matheus, o qual teria praticado, em tese, o
crime de desacato contra os policiais".
Nesta quinta, o governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas (Republicanos), admitiu que "tinha uma visão equivocada"
sobre o uso de câmeras corporais na farda dos policiais militares e disse que
hoje está "completamente convencido de que é um instrumento de proteção da
sociedade e do policial". Ele acrescentou que não apenas vai manter o
programa como o ampliará.
"Você pega a questão das câmeras: eu era uma pessoa que
estava completamente errada nessa questão. Eu tinha visão equivocada, fruto da
experiência pretérita que eu tive. Não tem nada a ver com a questão da
segurança pública. Hoje, estou completamente convencido que é um instrumento de
proteção da sociedade e do policial. E nós vamos não apenas manter, mas ampliar
o programa. E tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia",
afirmou.