Homem de 34 anos que teve câncer de intestino fez um vídeo alertando para sinais que ele não deveria ter ignorado
Reprodução/Instagram/radiant14percent
O produtor de TV norte-americano Joe Faratzis descobriu aos
29 anos que tinha câncer de intestino quando o tumor já estava em estágio
avançado. Muito ligado aos esportes e a um estilo de vida saudável, o jovem
ignorou por meses os sintomas da doença e tem usado suas redes sociais para
divulgar os sinais que ele não deveria ter deixado de lado.
Faratzis foi diagnosticado em 2019 com tumor em estágio
quatro, o mais avançado do câncer colorretal, com algumas metástases no pulmão
e fígado. O produtor já vinha sentindo dores leves na parte baixa da barriga
por meses e um médico pediu que ele fizesse uma tomografia computadorizada, mas
ele achou que seria um gasto desnecessário.
Mesmo seis meses depois, quando ele começou a notar que havia
sangue em suas fezes, Faratzis ignorou os sinais, achando que tinha
hemorroidas. Porém, os sintomas foram se tornando cada vez mais frequentes, até
que ele não podia mais ignorá-los.
O momento que o convenceu de que havia algo errado foi quando
ele soltou um pum e o sangue começou a escorrer por sua perna. “Quando fui ao
banheiro, vi que tinha muito sangue acumulado. Não senti dor, mas era evidente
que eu estava passando por um problema sério”, afirma.
Sinais claros
Para conscientizar a população a não ignorar os sintomas como
ele mesmo fez, Faratzis passou a usar sua experiência em mídia para divulgar os
sinais do câncer de intestino. Um vídeo em que ele resume os sintomas ignorados
viralizou no TikTok. São eles:
- Suor
constante, especialmente à noite;
- Dores
na parte baixa direita da barriga;
- Mudanças
no trânsito intestinal, ir mais ao banheiro;
- Uma
leve cólica abdominal ao se inclinar;
- Constipação
e cólicas;
- Sangue
nas fezes.
Após a colonoscopia, o produtor de TV foi imediatamente
encaminhado para a quimioterapia e passou por sessões orais e intravenosas.
Além disso, precisou de uma cirurgia que retirou parte de seu intestino e viveu
por meses com uma ileostomia improvisada.
Desde 2020, o produtor passa por uma série de procedimentos
médicos para retirada dos tumores, especialmente dos pulmões e do fígado. Ao
todo, foram mais de 10 cirurgias.
Em um dos procedimentos, um médico disse que a chance de
Faratzis sobreviver por mais de cinco anos era menos de 14%. “Me agarrei nesses
14% e tenho feito de tudo para vivê-los da forma mais radiante”, diz.
Apenas em 2023, ele alcançou um estado de completa remissão
(quando não há tumores no corpo), mas segue ainda fazendo tratamento de
quimioterapia oral preventiva.
O câncer de intestino
Há alguns anos, o câncer de intestino era um tumor muito
associado a pessoas idosas, mas o número de indivíduos com menos de 45 anos que
descobrem a doença tem crescido a cada ano no mundo. No Brasil, o exemplo da
cantora Preta Gil é um dos mais emblemáticos.
Os principais fatores de risco das neoplasias colorretais são
obesidade, consumo de alimentos processados e um estilo de vida sedentário. A
idade superior a 50 anos também é importante. O oncologista Ramon Andrade de
Mello, de São Paulo, alerta que o fundamental para prevenir casos graves da
doença é realizar com frequência os exames preventivos antes do aparecimento
dos sintomas.
“Um dos principais métodos para o rastreamento das neoplasias
colorretais é o exame chamado de pesquisa de sangue oculto nas fezes. Ele deve
ser feito anualmente e, dependendo do resultado, o médico poderá indicar uma
investigação mais aprofundada, com exames como retossigmoidoscopia ou mesmo a
colonoscopia total”, explica.
O tratamento precoce aumenta as chances de uma cura completa,
sem recidivas, afirma o oncologista Paulo Varella, do Hospital do Coração
(Hcor), de São Paulo. “Quanto antes o câncer é diagnosticado, maiores são as
chances de um tratamento mais eficaz. Isso se vê também na possibilidade de
reincidência. Um estudo dinamarquês deste ano demonstrou que somente 2,9% das
pessoas estudadas, que foram mais de 8 mil, apresentaram o reaparecimento do
câncer colorretal novamente ao serem diagnosticadas a tempo”, indica.