Uma ação está sendo movida contra o obstetra que fez o
pré-natal e parto dos gêmeos. A administração do hospital, onde os bebês
nasceram, informou que está colaborando com as autoridades.
Um vídeo de uma criança de dois anos, na escola, transformou
a vida de duas famílias em Alagoas. O menino era idêntico a outro da mesma
região. Ao investigar, as mães descobriram que uma troca na maternidade
tinha separado os gêmeos.
A vida da Débora e do Suelson, agricultores de São Sebastião,
no agreste Alagoano, mudou completamente com a chegada dos filhos. No oitavo
mês, ela desenvolveu pressão alta e precisou ser encaminhada para um hospital
maior em Arapiraca.
Os gêmeos Guilherme e Gabriel nasceram prematuros, no dia 21
de fevereiro de 2022. Para ganhar peso, eles precisaram ficaram alguns dias na
UTI. Por causa dos casos de COVID, o hospital informou que os bebês não
poderiam receber visitas.
“Eu até pensei que eu iria todos os dias para amamentar, mas
não fui. O pediatra, me ligava e passava o relatório de como eles estavam”,
lembra a mãe das crianças.
Os bebês foram liberados três semanas depois de nascerem, no
dia 12 de março de 2022. Até então, Débora acreditava que tinha gestado gêmeos
bivitelinos, pois o médico não havia dado certeza de que eles eram idênticos.
Quando as crianças tinham dois anos, uma amiga da Débora
compartilhou com ela um vídeo que tinha visto na internet. Era Bernardo, filho
da Maria Aparecida, que mora em Craíbas – cidade próxima de São Sebastião.
“Eu fiquei tão atordoada. Postei um vídeo, o vídeo dele na
creche rezando e postei um vídeo chorando: 'Vocês me perguntando se esse menino
é o Gabriel, mas não é o Gabriel. Estou emocionada porque o menino é idêntico
ao Gabriel’”, conta a mãe.
Assim como Débora, Maria Aparecida também teve uma gestação
tranquila até o oitavo mês. Bernardo nasceu no mesmo hospital dos gêmeos, em
Arapiraca, mas três dias depois. Ele também precisou ficar internado para
ganhar peso.
Depois de pouco mais de um mês, Bernardo foi liberado no dia
28 de março de 2022. No início de 2024, com dois anos, ele entrou na creche.
Após a postagem nas redes sociais, as duas mães se encontram com a ajuda de uma
conselheira tutelar.
Débora foi ao encontro sem os bebês, mas pôde conhecer
Bernardo na casa de Maria Aparecida. Diante da conclusão de que os três meninos
tinham passado pela UTI no mesmo período, as duas mães concordaram em realizar
exames de DNA.
O resultado deu positivo: o DNA de Bernardo é
compatível com o da Débora e do marido, portanto ele é irmão de Gabriel. Já
o de Guilherme corresponde ao de Maria Aparecida.
“Esses meses estão sendo, tipo, que meu mundo caiu”, afirma
Débora.
Um inquérito policial foi aberto para apurar o caso. A
administração do hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho – onde os
partos foram feitos – informou em nota que está colaborando com as autoridades
para o esclarecimento dos fatos.
Segundo o advogado de Débora, os exames feitos durante o
pré-natal já indicavam que os gêmeos eram idênticos, mas essa informação não
foi passada durante as consultas.
Uma ação foi movida contra o obstetra que fez o pré-natal e o
parto dos gêmeos, mas ele não quis dar entrevista. A família de Débora busca,
na justiça, ter o gêmeo Bernardo de volta.
A família também quer manter a guarda de Guilherme, que tem
problemas graves de saúde. Já a Maria Aparecida, representada pela defensoria
pública, quer permanecer com Bernardo e manter uma relação de proximidade com
Guilherme.
A posição da defensoria pública, que representa Maria
Aparecida, é de que as mães devem permanecer com as crianças que saíram com
elas da maternidade, mas manter uma relação próxima com os filhos biológicos.
Até a decisão da justiça, todos terão que aguardar para saber
o destino das crianças. Por enquanto, os bebês visitam suas famílias biológicas
de 15 em 15 dias.
Fonte: Fantástico - via g1