Segundo fontes da Secretaria de Segurança Pública (SSP), dois
sargentos e onze cabos e soldados estão sendo ouvidos sobre o caso e ficarão
afastados das ruas até o fim das investigações. Eles pertencem 24° Batalhão da
PM, localizado em Diadema, na Grande SP.
A Corregedoria da Polícia Militar afastou das ruas treze
policiais envolvidos direta ou indiretamente no episódio em que um agente
jogou um homem dentro de um rio na região de Cidade Ademar, Zona Sul de São
Paulo.
O caso aconteceu na madrugada desta segunda-feira (2) e
gerou enorme repercussão entre as autoridades paulistas.
Segundo fontes da Secretaria de Segurança Pública (SSP), dois
sargentos e onze cabos e soldados estão sendo ouvidos sobre o caso e ficarão
afastados das ruas até o fim das investigações.
Eles pertencem 24° Batalhão da PM, localizado na cidade de
Diadema, na Grande SP, e ficarão cumprindo expediente na Corregedoria pelo
tempo que o comando julgar necessário.
Segundo as apurações iniciais, durante uma abordagem, os
policiais deram ordem de parada a duas pessoas que trafegava em uma moto. Os
rapazes fugiram e os PMs, então, iniciaram uma perseguição que terminou com a
captura da dupla e um deles jogado no rio por um dos policiais.
A Corregedoria apurou até o momento que um dos homens parados
chegou a ser levado para a delegacia. Ele é, neste momento, a principal
testemunha da investigação.
Aos investigadores, essa testemunha afirmou que o homem
jogado da ponte está vivo.
Os integrantes da Corregedoria estão atrás dele, tentando
localizá-lo para ouvi-lo oficialmente.
Na abordagem, todos os PMs usavam câmeras corporais e se
gravaram. Essas imagens serão usadas pelos investigadores para entender os
detalhes da ocorrência.
Por enquanto, não houve pedido de prisão para nenhum dos
policiais envolvidos.
Repercussão
O governador Tarcísio de Freitas e o secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite — Foto: Rogério Cassimiro/Secom/GESP |
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), disse, em uma rede social, que o policial militar que
"atira pelas costas" ou "chega ao absurdo de jogar uma pessoa da
ponte" não está à altura de usar farda. Disse ainda que o caso será investigado
e "rigorosamente" punido.
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL),
também criticou a ação do policial militar. "Anos de legado da PM não
podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Policial não atira pelas
costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos
bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns,
haverá severa punição", escreveu.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de
Oliveira e Costa – principal representante do Ministério Público paulista,
também emitiu uma nota pública de repúdio à cena, e disse que as imagens são
“estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis”.
Ele afirmou que já designou que o Grupo de Atuação Especial
de Segurança Pública (GAESP) integre as investigações a fim de “punir
exemplarmente” os policiais envolvidos na abordagem.
“Estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis! Não há outra
forma de classificar as imagens do momento no qual um policial militar atira um
homem do alto de uma ponte, nesta segunda-feira. Pelo registro divulgado pela
imprensa, fica evidente que o suspeito já estava dominado pelos agentes de
segurança, que tinham o dever funcional de conduzi-lo, intacto, a um distrito
policial para que a ocorrência fosse lavrada”, disse Paulo Sérgio de Oliveira e
Costa.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa – principal representante do Ministério Público paulista. — Foto: Montagem/g1/Reprodução |
E acrescentou:
"Somente dentro dos limites da lei se faz segurança
pública, nunca fora deles. Assim, esta Procuradoria-Geral de Justiça
determinará, ainda nesta terça-feira (3/12), que o Grupo de Atuação Especial de
Segurança Pública (GAESP) associe-se ao promotor natural do caso para que o
MPSP envide todos os esforços no sentido de punir exemplarmente, ao fim da
persecução penal, os responsáveis por uma intervenção policial que está muito
longe de tranquilizar a população."
Flagrante
O flagrante do policial militar jogando um homem do alto de
uma ponte foi revelado nesta segunda (3) pelo g1 e pela TV
Globo.
Pelas imagens, é possível ver um policial levantando uma moto
que está no chão. Um segundo e um terceiro policial se aproximam. Depois, o
primeiro PM encosta a moto perto da ponte. Um quarto policial chega segurando o
homem pela camiseta azul, que seria o motociclista abordado. Ele se aproxima da
beirada da ponte e joga o homem no rio.
De a acordo com informações da Polícia Militar, os agentes
seriam do 24º BPM de Diadema, na Grande São Paulo, e teriam perseguido a moto
até a Zona Sul de São Paulo, na Cidade Ademar.
O agente que arremessou o homem é da Rondas Ostensivas com
Apoio de Motos (Rocam). A vítima não morreu, mas não há informações sobre o seu
estado de saúde.
O ouvidor das polícias, Cláudio Silva, afirmou à TV Globo que
vai pedir o afastamento imediato dos oficiais envolvidos no caso. "Tanto
do policial que pratica o ato quanto dos outros, que estavam ali e de certa
forma não atuaram para que aquilo não ocorresse, ou não informaram as
autoridades que aquele policial tinha feito aquele ato."
"É algo muito grave e sem qualquer fundamento, nenhuma
legalidade. É mais um daqueles e daquelas que ainda acham que a injustiça vai
prevalecer. Há uma crença hoje na polícia de São Paulo de que os policiais
poderão praticar qualquer atrocidade ou anormalidade por serem policiais e isso
vai ficar por isso mesmo", afirma o ouvidor.
"A gente precisa mudar essa perspectiva porque senão os
casos graves vão continuar ocorrendo e, talvez, a tendência seja até
piorar", finaliza.
O que diz a SSP
Policial militar joga suspeito dentro de um rio na Zona Sul de São Paulo durante abordagem a madrugada desta desta segunda-feira (2). — Foto: Reprodução |
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que
"a Polícia Militar repudia veementemente a conduta ilegal adotada pelos
agentes públicos no vídeo mostrado".
Segundo a SSP, "assim que tomou conhecimento das
imagens, a PM instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar os
fatos e responsabilizar os policiais envolvidos nessa ação inaceitável".
"Todos os policiais que estavam em serviço na área
identificada foram convocados e já estão sendo ouvidos. A instituição reitera
seu compromisso com a legalidade, sem tolerar qualquer desvio de conduta",
finaliza o comunicado.
A Corregedoria da PM apura as circunstâncias do caso e, até a
última atualização desta reportagem, ninguém foi afastado.