A Polícia Militar Ambiental alertou sobre interferências no
ciclo da natureza envolvendo predadores e presas.
Um vídeo gravado pelo guia de turismo Roger Benedik mostra o
momento em que um macaco-prego grita e tenta escapar de um ataque de sucuri, no
distrito de Bom Jardim, em Nobres, a 151 km de Cuiabá. O registro foi
feito na última semana, durante uma expedição.
Segundo o guia, a cena chamou atenção de todos no local, após
ouvirem gritos de outros macacos-pregos agitados com o ataque da cobra.
"Durante o passeio, ouvimos vários macacos-pregos
agitados e decidimos verificar o que estava acontecendo. Foi então que
avistamos uma sucuri enrolada em um deles. Apesar de ser triste presenciar uma
cena assim, faz parte do ciclo natural dos animais", relatou.
De acordo com a Polícia Militar Ambiental, interferir no
ciclo entre predadores e presas na natureza, pode ser considerada
perseguição. Conforme o art. 29, matar, perseguir, caçar, apanhar ou
utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a
devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente é crime. A
pena varia entre seis meses a um ano de detenção, além de multa.
O comandante Fagner Augusto do Nascimento afirmou que, apesar
de parecer errada para alguns, o guia agiu de forma correta e dentro da lei.
"No ambiente natural, não pode ter esse tipo de
interferência, principalmente nesse caso em que o animal faz parte da cadeia
alimentar do predador", explicou.
Para o biólogo especialista em serpentes Henrique Abrahão
Charles, alguns pontos do vídeo chamam atenção, como o fato da sucuri não ser
tão grande e por tentar atacar a presa fora d'água, o que pode não garantir o
sucesso para a cobra.
"Chama atenção ela não estar dentro d'água, habitat
preferido dela, onde ela tem mais força para predar", avaliou.
De acordo com o biólogo, esses fatores criaram um cenário onde havia chances do macaco-prego escapar. No entanto, a sucuri teve sorte, segundo o guia que registrou o vídeo.
g1 Mato Grosso