Segundo delegado, outros policiais estariam executando crimes
contra ciganos também em Candeias e Lauro de Freitas
Agilson Ribeiro Dantas foi morto dentro de carro Crédito: Reprodução
Um policial militar foi preso nesta terça-feira (21) suspeito
de envolvimento na morte de um cigano em junho de 2024, em Camaçari, na Região
Metropolitana de Salvador (RMS). O suspeito, que não teve nome divulgado, foi
preso na cidade em que o crime aconteceu, por equipes do Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O cigano Agilson Ribeiro Dantas foi morto aos 58 anos em 7 de
junho do ano passado. Ele foi baleado dentro de um carro, a poucos metros de
casa, e não resistiu aos ferimentos.
Investigação conduzida pela 4ª Delegacia de Homicídios
(DH/Camaçari) apontam que o crime foi motivado por disputas entre grupos
ciganos, envolvendo vinganças familiares. “A vítima fazia parte de uma família
em conflito com outra, com várias mortes ocorrendo entre os membros dessas
famílias”, diz o delegado Antônio Sena, titular da unidade.
A vítima foi encontrada sem vida no banco do motorista de seu
carro e uma arma de fogo estava ao lado do corpo. Ele diz que PMs são suspeitos
de envolvimento em outros crimes ordenados por ciganos. “A investigação revelou
que outros policiais militares estão envolvidos em conflitos com ciganos e na
execução dos homicídios, com atuação nas cidades de Candeias e Lauro de
Freitas”, acrescenta.
O PM será submetido aos exames de lesões e encaminhado para o Batalhão de Choque da Polícia Militar, em Lauro de Freitas, onde ficará custodiado à disposição da Justiça. Uma pistola .40, um notebook e um celular foram apreendidos durante a ação e passarão por perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT).
Itens apreendidos Crédito: Divulgação |
O cigano Agilson Ribeiro Dantas, de 58 anos, vinha sendo
ameaçado de morte. As intimidações eram realizadas por uma família de ciganos.
Dias antes do crime, Agilson andava tenso. “Um parente dele me disse que as
ameaças foram feitas por um grupo de ciganos, resultado de uma rixa antiga.
Então, perguntei ao próprio Agilson quem era a família, para saber se poderia
ajudar em alguma coisa, mas ele escorregava, não fala nada”, declarou na época
o presidente da Rede Brasileira dos Povos Ciganos (RBPC), cigano Rogério
Ribeiro.
No dia do crime, a vítima saiu de casa às pressas, segundo
Ribeiro. “O celular dele registrou o recebimento de uma ligação às 11h45 e logo
após ele pegou o carro. Por uma questão cultural, ciganos não costumam sair ao
meio-dia, só em algo extremo, inclusive para ter saído sozinho, já que era
ameaçado”, declarou.
Agilson foi morto na Avenida Sul, no bairro Verdes
Horizontes. De acordo com testemunhas, o carro dele foi fechado por um outro
veículo, ocupado por quatro homens, que em seguida atiraram diversas vezes. Logo
após a execução, a polícia encontrou uma arma dentro do carro do cigano.