Fenômeno raro envolvendo a supergigante Betelgeuse mobiliza astrônomos e promete espetáculo no céu noturno
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Divulgação/Nasa |
Uma explosão estelar de proporções históricas pode iluminar o
céu da Terra nos próximos anos, em um evento celeste que não é visto a olho nu
há cerca de quatro séculos, de acordo com a Nasa, a agência espacial dos
Estados Unidos.
O espetáculo, que está no radar de astrônomos do mundo todo,
tem a ver com a estrela supergigante e vermelha Betelgeuse, que está localizada
na constelação de Órion.
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Betelgeuse, que tem um enorme brilho avermelhado, é uma das
estrelas mais reconhecíveis do céu noturno. Nos últimos anos, no entanto,
cientistas da Nasa acompanham sinais de que ela está próxima de um colapso
explosivo, conhecido como supernova.
Desde 2019, a estrela teve uma redução de 60% da intensidade
luminosa, um fenômeno explicado como uma ejeção de massa superficial que criou
uma nuvem de gás e poeira ao redor dela, captada pelo Telescópio Espacial
Hubble.
Apesar da incerteza sobre o momento exato da explosão — que
pode ocorrer em dias ou em até 100 mil anos —, os cientistas afirmam que,
quando ela acontecer, Betelgeuse se tornará tão brilhante quanto a Lua cheia
por cerca de dez dias, antes de começar a desaparecer gradualmente.
A 725 anos-luz da Terra, a explosão não oferece risco direto
ao planeta. “Se estivesse mais próxima, a potência poderia devastar o sistema
solar. Mas, a essa distância, será apenas um show de luzes seguro e
inesquecível”, explica um estudo do Astrophysical Journal.
A última supernova visível a olho nu da Terra ocorreu em
1604, o que faz do evento algo único.
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Outra explosão
Enquanto Betelgeuse mantém os cientistas em suspense, outro
espetáculo está em andamento a 3.000 anos-luz, na constelação da Coroa
Setentrional. Desta vez, a protagonista é T Coronae Borealis, um sistema
binário formado por uma gigante vermelha e uma anã branca.
Esse par de estrelas protagoniza uma nova — uma explosão
menos intensa que uma supernova, mas ainda assim visível da Terra — recorrente,
que acontece a cada 79 ou 80 anos. A última, por exemplo, ocorreu em 1946.
Desde março de 2023, astrônomos da Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis notaram uma queda no brilho da estrela, um sinal clássico de que a explosão está próxima.
Divulgação/Nasa |
Previsões anteriores da Nasa e do Observatório de Paris
apontaram datas como setembro de 2024 e março de 2025. Agora, as apostas estão
em 10 de novembro deste ano, 25 de junho de 2026 ou 8 de fevereiro de 2027.
Quando explodir, a Estrela Flamejante, como o sistema é
conhecido, saltará de uma magnitude quase imperceptível para uma das 50
estrelas mais brilhantes do céu. “Será como uma nova joia brilhando entre Vega
e Arcturus”, diz a Nasa.
Diferente de uma supernova, a nova não destrói as estrelas do
sistema, mas ejeta material em uma explosão de fusão desencadeada pelo acúmulo
de hidrogênio na superfície da anã branca.
O que são novas e supernovas?
Uma nova, como a da T Coronae Borealis, ocorre em sistemas
binários quando uma anã branca “rouba” hidrogênio de sua companheira,
acumulando-o até provocar uma explosão controlada.
Já uma supernova, como a esperada em Betelgeuse, marca o fim
violento de uma estrela massiva, que pode colapsar em um buraco negro ou
se transformar em uma anã branca após expelir seus gases.
Enquanto novas atingem brilhos até 200 mil vezes superiores
ao do Sol, supernovas podem ser bilhões de vezes mais luminosas. Ambas, porém,
oferecem janelas raras para entender a dinâmica do universo — e, neste caso, um
show gratuito para quem olhar para o céu.